"Sou jovem como eles". Os seniores também foram à Jornada Mundial da Juventude

por Joana Raposo Santos, Nuno Patrício - RTP
Na multidão, um padre italiano de 70 anos afirma que "temos de estar onde está a juventude". Nuno Patrício - RTP

Ao contrário do que o nome indica, nem só de jovens se faz o público da Jornada Mundial da Juventude. Vindos de vários cantos do mundo, os mais velhos também quiseram participar naquele que consideram um momento "extraordinário". A RTP falou com alguns dos que marcaram presença no Parque Eduardo VII no dia em que o papa Francisco falou aos peregrinos.

Albino Martins tem 83 anos e é do Cacém. Admite que o ambiente no recinto é “bastante confuso” e o incomoda, mas o importante é ter “conseguido chegar cá”. O principal objetivo? “A visita ao santo padre”.

“Já venho quase há duas horas a pé”, conta com orgulho, dizendo que veio ao Parque Eduardo VII também na véspera “e amanhã se calhar” voltará.

A outra grande motivação foram os jovens, peça central deste evento. “Levantei-me às cinco horas da manhã para conviver com eles (…), para lhes dar pequenos-almoços na paróquia onde eu resido. Tive de me levantar cedo para estar no meio deles, a auxiliá-los no que fosse preciso”.

As mais de oito décadas de vida não se fazem notar em Albino, que se considera “um jovem quase como eles”. Por essa razão, diz que não podia perder este dia. “Vim a tempo”, diz com um sorriso.

Questionado sobre como se sente num evento rodeado de jovens, não tem dúvidas: “Eu sinto-me bem. Ainda aprendo com eles, e eles comigo em muita coisa. Eu sei muitas coisas que eles não sabem”.
“Tenho um espírito jovem”
Kevin Kennedy, de 71 anos, veio do Estado norte-americano de Maryland para participar pela primeira vez numa Jornada Mundial da Juventude. Acompanha um grupo de jovens da sua paróquia e, juntos, aproveitaram para passar por Fátima.

“Viemos por duas razões: uma delas é ver todas as festividades e ver todos os jovens, porque isto dá-nos alguma esperança para o futuro; a outra é porque somos um bom grupo e é ótimo experienciar algo como isto com um grupo tão bom”, conta à RTP.

O americano considera este “um evento espetacular” porque “todos os que aqui estão querem estar aqui, querem ser amigáveis, conhecer pessoas de todo o mundo. É algo que não acontece todos os dias”.

“E, apesar de ser velho, tenho um espírito jovem”, diz entre risos.
Os conselhos dos mais velhos
Na multidão, um padre italiano participa na sua sétima JMJ. Sergio Bergamin, de 70 anos, afirma: “temos de estar onde está a juventude”.

“É extraordinário. Neste evento podemos ver como o mundo pode caminhar para a união”, considera. Entre os mais novos, sente-se “jovem”, até porque estes o recebem “como um deles”.

Os espanhóis foram a nacionalidade com mais representação nesta JMJ e foi, por isso, fácil encontrá-los. Tomás Jiménez, de 72 anos, veio de Múrcia para acompanhar um grupo de jovens universitários.

Apesar de reconhecer que a confusão de Lisboa devido a este evento dificulta a experiência, considera-a “emocionante”. Lembra, porém, que não basta aparecer na JMJ: depois há que prolongar, no dia-a-dia, a aprendizagem que daqui se leva.“Porque esta é uma boa experiência, mas é apenas uma. No resto da vida haverá muitas experiências”, explica. “No fim, teremos de fazer um discernimento do que foi vivido aqui, porque isto é muito bonito, mas é também muito plural e com muitas linhas de conduta”.

“É muito bonito ver a experiência que cada um terá com Deus aqui, mas o modo como cada um canaliza a sua experiência na prática tem de se perceber depois”, diz o espanhol.

A Jornada Mundial da Juventude começou no dia 1 de agosto e prolonga-se até ao próximo domingo. Esta quinta-feira, no Parque Eduardo VII, o papa Francisco deixou uma mensagem que pode também adequar-se aos mais velhos que decidiram juntar-se à juventude: "na Igreja há espaço para todos".
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